O grande poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) foi, sem dúvida, uma das vozes mais altas da poesia mundial do nosso tempo. Ao mesmo tempo, o poeta engajado nas causas de liberdade, o exilado, o resistente, é protagonista de uma das aventuras mais expressivas da lírica em língua castelhana . Seus poemas de amor emocionaram e emocionam várias gerações. Recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1971.
De: Neruda
Para: Matilde
Cem Sonetos de Amor
LXIV
De tanto amor minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado
e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.
Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amada.
È sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.
Um comentário:
Ah, Doce Neruda....
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